sexta-feira, maio 04, 2012


Meu muito obrigada!

Sou veterinária. Não sei explicar o motivo dessa minha escolha. Na verdade eu não escolhi nada...fui escolhida! Nasci assim. Nasci pra isso. Não sou estudiosa, nunca fui um prodígio da inteligência e astúcia. Acredito mais em amor de verdade do que em medicamentos milagrosos. Reconheço o valor de um bom fármaco, mas acredito que sem uma boa dose de amor, carinho e fé de nada vale. Perdi as contas de quantos animais “desenganados” cuidei (ajudei Deus a curar!). Em todos os casos ninguém acreditava na recuperação, mas dentro de mim a vontade (de vida) e a fé eram tão grandes que literalmente transbordavam. Enfim...a vida ressurgia. Muitas vezes fui orientada a fazer eutanásia para acabar com o sofrimento dos “pobres animaizinhos”, mas nunca encarei com bons olhos essa tal de eutanásia. Sou dessas pessoas que acreditam que o sofrimento (seja ele qual for) faz parte da vida. Nunca fiz e se Deus quiser nunca vou precisar fazer nenhuma. 

Tenho uma gata, seu nome é Branca. Conheci ela a uns 3 anos atrás, era uma gata magra e muito, muito maltratada, arredia ela andava pelo muros, sempre muito assustada e alerta. Devagar comecei a conquistar a confiança da Branca. Colocava ração e água fresca todos os dias. Resumindo a história... Por fim, Branca se tornou minha grande amiga. Era só eu chamar que ela surgia toda carinhosa, parecia até um cachorro. Costumo dizer que a encantei. Nem eu acreditava que poderia me aproximar tanto daquela gatinha sofrida que vivia pelos muros. Na noite de natal de 2011, porém, fui surpreendida com a noticia de que havia uma gatinha agonizando na beirinha da estrada, perto da minha casa, sai correndo estrada a fora com o coração apertado (...e com a Branca na cabeça, afinal, ela vivia na rua) e realmente era ela. Perdi o chão. Sem raciocinar muito e ainda muito desorientada apliquei alguns remédios ali mesmo e a levei comigo. Coloquei Branca em uma caixa quentinha e não sai de perto dela, tudo isso durante a festa de natal que estávamos fazendo na minha casa. Fiz tudo o que pude... Fluidoterapia, analgésicos e mais um montão de procedimentos! Ela permanecia imóvel, sem nenhuma reação. Sua respiração chegou a praticamente parar por duas vezes. Mas meu coração em nenhum momento aceitou a hipótese da Branca não resistir. Minha razão dizia para eu me preparar para o pior, mas por outro lado meu coração me acalmava. A primeira noite foi a pior de todas, fiquei com medo de acordar e ela não ter resistido. Até relutei em dormir, queria ficar olhando para ela, auscultando seu coraçãozinho. Enfim... Quando acordei, para minha alegria, Branca continuava viva!! Era um Domingo e naquele dia eu realmente não sai de perto dela nenhum minuto. Depois de mais ou menos 4 dias de muitos cuidados, Branca finalmente começou a reagir bem. Já engolia a comidinha com mais facilidade e não sentia tanta dor. Sua recuperação total demorou em torno de dois meses, nesse tempo cheguei a pensar que ela não andaria, ia comigo para todos os lugares (até para a casa do namorado que tem duas Pit Bull’s), era como um neném que dependia de mim para tudo. Usava frauda descartável e tudo mais. Hoje Branca está ótima, saudável e não mora mais na rua. Divide a casa com meus outros 11 gatos. 

Pra que contei toda a história de Branca, afinal? É um bom exemplo de que com muita fé e dedicação tudo dá certo. Claro que, se fosse da vontade de Deus, mesmo com todos meus esforços e orações ela não teria resistido. Mas pra mim ficou muito forte a lição de como o amor que dedico ao que faço é importante e vital. 

Resolvi escrever tudo isso porque hoje fez quatro dias que um dos meus gatos (o Ryco!) havia desaparecido. Mas Deus é tão perfeito que, antes mesmo que eu finalizasse esse texto o meu anjinho foi encontrado e tem mais... Hoje por volta das 15:00 hrs da tarde, deu entrada aqui no meu consultório um gatinho em coma. Sua dona (muito aflita) nem soube explicar ao certo o que havia acontecido. Achei melhor interná-lo e diante daquele ser tão pequenininho (+/- 6 semanas de vida), indefeso e sem nenhuma reação ou reflexo, o que fiz em primeiro lugar foi pedir a Deus que o protegesse e guiasse minhas ações. Depois disso, realizei todos os procedimentos que julguei necessários, infelizmente, Bolinha parecia não reagir. Mas qual não foi a minha surpresa e felicidade quando ouvi alguns miadinhos (por volta das 21:00 hrs) desesperados vindo da internação e era ele, o Bolinha estava de pé, andando. Um pouco tontinho, mas todo animado. Chorei de alegria! Minha gratidão a Deus, por me proporcionar momentos como esse é eterna!!!!

1 comentários:

Thais Malpici disse...

Meu sonho de infância era ser veterinária, mas infelizmente eu não sei separar o emocional do racional. Só com esse seu texto meus olhos encheram de lágrimas.

Tive um gato que pegou HIV felina e sofreu por meses, não conseguia mais comer, saía e voltava da internação. Na ultima vez que precisou leva-lo para tomar soro, não pude ir e, meu pai, induzido pela veterinária com esta conversa de "o coitadinho esta sofrendo", mandou sacrifica-lo sem minha autorização. Chorei por semanas e mesmo tendo se passado 4 anos, meu coração aperta.

Parabéns por lutar pelo que acredita, e escutar seu coração. Que Deus a ilumine cada dia mais!

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